Noite de verão, arraial ao ar livre.
A banda chegou, descarregou, montou, ligou... enfim, a rotina de sempre... e tocou.
O arraial realizava-se no largo principal, situado ao lado da Estrada Nacional 2, que liga Vila de Rei a Abrantes, mas sobreelevado em relação a esta. Como tal, e por óbvias razões de segurança, o largo era delimitado por um parapeito de pedra.
Antes de continuar a história, deixem-me dizer-vos que a vida de cinco músicos de baile é feita de muitos ensaios, muitas canções, muitos quilómetros de estrada... e muitas patifarias, também!...
Pois bem, estava eu a dizer que a banda tocou.
Lá estávamos nós a executar, com mais pundonor do que talento, os êxitos populares em voga naquela altura, e o pessoal dava o seu pezinho de dança, enquanto ao redor do recinto se viam os espectadores mais recatados, mas igualmente interessados.
Entre eles, estava o nosso motorista: Um metro e sessenta de altura, cara bonacheirona e corpo gordinho q.b., resultado de boa mesa e melhor álcool...
Mais um à-parte: como não tínhamos dinheiro nem para mandar cantar um cego, quanto mais para comprar uma carrinha, optávamos por assegurar os serviços de alguém que dispusesse de uma, a troco de algum "couro e cabelo"...ARHAM!... aaa... quero dizer... escudos por quilómetro percorrido.
Voltando ao nosso motorista...
Ali estava ele, com um ar sorridente, a assistir à nossa actuação.
Chegou o momento de actuar o rancho folclórico. Óptimo, dissemos nós, pois isso implicaria uma sempre bem vinda paragem de, pelo menos, uma hora.
É preciso não esquecer que a actuação de um grupo de baile pode durar cinco horas...
E os músicos foram sentar-se no parapeito do largo, ao lado do nosso motorista, que, com a sua cara bonacheirona, sorriso aberto e corpo "redondinho", batia palmas ao ritmo da chula debitada pelos músicos do rancho.
Mas houve um músico que não se juntou àquele grupo...
Com efeito, o "tal músico de 1m80 de altura e mais d
Ao passar na berma da Estrada Nacional 2, por baixo do dito parapeito, viu o motorista ali sentado (com metade do traseiro, qual lua cheia, fora do parapeito...). Sorriu perante o cómico do quadro.
Ao olhar para o chão, viu uma vara de eucalipto com cerca de 2 metros de comprimento ali tombada.
Voltou a olhar para cima... ... e não resistiu à ideia diabólica que de chofre lhe ocorreu!!!
Pegou na vara, transformando o COMPRIMENTO em ALTURA...
... e espetou-a numa das bochechas daquele rabo gordo !!!
Ao sentir o toque, o pobre homem, como que impelido por uma mola, saltou do parapeito e deu uma curta corrida em passos simiescos, enquanto os músicos riam a bandeiras despregadas .
Bufando de fúria, o pobre homem ainda olhou para o autor da brincadeira... mas de imediato lhe passou a "braveira", e começou a rir-se também.
Foi uma das patifarias mais cómicas que alguma vez se viu naquele conjunto!!!
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