Sexta-feira, 30 de Março de 2007

Uma História em Macieira (Concelho de Sertã), com uma memória

Noite de Verão, arraial ao ar livre.

 

A banda estava a executar as habituais modinhas de verão. Nessa época (princípio dos anos 90), a música não era "pimba", era "pirosa"...

 

A propósito disso, se este pessoal tivesse um pouco de atenção a certos "air-plays" das rádios, teria de perdoar muitos músicos portugueses catalogados de "pimbas"... e por aqui me fico...

 

Mas voltemos ao nosso arraial...

 

Dizia eu que a Banda estava a executar as habituais modinhas de verão...

 

(mais uma interrupção para explicar que o recinto de festas da Macieira tinha - pelo menos nessa altura, agora não sei, porque nunca mais voltei lá... - um redondel específico, com o piso devidamente alisado para permitir que os dançarinos executassem os seus passos sem correrem o risco de tropeçar nalguma pedra )

 

A restante sonorização do arraial estava a cargo de um tipo chamado "Salamanca", residente no Sardoal. Não sei se era nome, se era alcunha. Só sei que... bom. é melhor contar-vos...

 

Nos intervalos de série, é frequente as Comissões de Festas realizarem leilões, cujas receitas se destinam a cobrir as despesas que a organização deste tipo de eventos acarreta.

 

Na Macieira, os leilões foram assegurados pelo "Salamanca", que tinha um estilo ... hmmm... aaaa... pouco ortodoxo nas arrematações... as quais caracterizava sempre por um sonoro "aííííí, seus cab**********ões!!!!!"

 

Assim era o "Salamanca" e as pessoas nunca o levavam a mal...

 

Pois nessa noite, estava a Banda a executar as habituais modinhas de verão (onde é que eu já li isto?...), e o pessoal todo divertido a dançar no tal redondel, quando subitamente, surgido de uma esquina, apareceu o "Salamanca" a conduzir uma motorizada em grande velocidade, entrando de rompante no redondel e provocando o pânico nos dançarinos, fazendo-os fugir que nem baratas tontas à sua frente.

 

(Eu estou a escrever isto e a rir-me baixinho ao recordar a cena...)

 

Depois dessa diabrura, o "Salamanca" saiu disparado do redondel e as pessoas, entre gargalhadas, voltaram à dança.

 

Assim era o "Salamanca" e as pessoas nunca o levavam a mal...

 

Lá para o final da actuação - quando apenas estão meia dúzia de "gatos pingados" resistentes... e ....aaaa... etilizados q.b., eis que entra de novo o "Salamanca" em acção.

 

Desta vez, a "vítima" era um bêbado que estava a apreciar o conjunto (será que estava?...) no meio do redondel.

 

O "Salamanca" agarrou-se ao bebâdo e fê-lo voltear ao som da música, ao ponto de o desgraçado mal tocar com os pés no chão...

 

Assim era o "Salamanca" e as pessoas nunca o levavam a mal...

 

A notícia da sua morte tomou-me de surpresa. Tanto quanto sei, o "Salamanca" morreu electrocutado quando procedia a uma instalação eléctrica.

 

Calculo que, desta vez, as pessoas o tenham levado a mal, por ele se ir embora tão cedo...

 

 

Visitante

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Música: "Festa" (Lara Li)
Sinto-me:

Quarta-feira, 28 de Março de 2007

Uma História em Casal do Rei (Concelho das Caldas da Raínha)

 

Noite de verão, arraial ao ar livre.

 

A Banda recomeçou a tocar depois de um intervalo.

 

Para chamar as pessoas à dança, começámos a tocar uma versão em “swing” lento de “QUANDO QUANDO QUANDO (TELL ME WHEN)”, de Engelbert Humperdink. E o pessoal lá se foi ajuntando para um pezinho de dança.

 

De repente, meia dúzia de homens vindos de diversas direcções a correr convergindo para um ponto fora do nosso alcance visual.

 

Olhámos uns para os outros com um ar resignado, pois sabíamos o que aquilo significava: havia porrada no arraial.

 

E lá continuámos a tocar o “QUANDO QUANDO QUANDO (TELL ME WHEN)”, de Engelbert Humperdink., para evitar que o resto do pessoal acorresse ao burburinho...

 

Entretanto, e como é usual nestas coisas, a “liga dos combatentes” ia aumentando.

 

E nós a tocar calmamente o “QUANDO QUANDO QUANDO (TELL ME WHEN)”, de Engelbert Humperdink sem parar...

 

A certa altura o conflito centrou-se num só ponto. Então vimos um indivíduo a exibir um olhar que julgava ser penetrante, ao mesmo tempo que esbracejava uns arremedos de exibição “karateca” para tentar intimidar quatro ou cinco populares que se dirigiam a ele.

 

E nós a tocar placidamente o “QUANDO QUANDO QUANDO (TELL ME WHEN)”, de Engelbert Humperdink....

 

Os quatro ou cinco populares lá manietaram o pobre “karateca” e puseram-no na ordem.

 

Então o burburinho terminou.

 

E nós pudemos dar o remate final ao “QUANDO QUANDO QUANDO (TELL ME WHEN)”, de Engelbert Humperdink....

 

... meia hora depois de termos iniciado o “QUANDO QUANDO QUANDO (TELL ME WHEN)”, de Engelbert Humperdink....

 

 

Nunca soubemos quem ou o que provocou a desordem. O que eu vos posso dizer é que 30 minutos a tocar ininterruptamente a mesma música – que, caso não se lembrem, era o “QUANDO QUANDO QUANDO (TELL ME WHEN)”, de Engelbert Humperdink... - renderam um pequeno bonus no nosso “cachet”, como prova de gratidão da Comissão de Festas por termos tentado minimizar, à nossa maneira, a desordem.

 

 

Visitante

Sinto-me:
Música: "Quando Quando Quando (Tell me When)", Engelbert Humperdink

Quinta-feira, 22 de Março de 2007

Um História em Foros de Salvaterra (Concelho de Salvaterra de Magos)

Noite de primavera, na colectividade dos Foros de Salvaterra.

 

A Banda estava a realizar uma boa actuação, sem grandes enganos; as pessoas dançavam; ainda não tinha havido a habitual sessão de pancadaria que caracteriza os arraiais em Portugal.

 

Começámos a tocar uma música de Bob Seger, intitulada "SHAME ON THE MOON".

 

Essa música tem um solo de piano a meio.

 

De repente e a meio desse solo, o vocalista virou-se para trás e, com um gesto, mandou baixar os volumes.

 

Como era habitual esse procedimento, para que, por vezes, ele anunciasse alguma coisa ao público, não estranhámos o gesto nem a circunstância.

 

Eis senão quando ele se deslocou para uma das pontas do palco, escondeu-se atrás das colunas do PA, encostou o microfone ao traseiro...

 

... e ouviu-se, alto e bom som, um ruído semelhante a um rasgar de pano na aparelhagem...

 

Risota geral... eu falhei o solo do piano por causa do ataque de riso, e todos nós começámos a tocar cada um para seu lado...

 

Lá nos "encontrámos" de novo e conseguimos acabar a canção...

 

Essa foi uma das vezes em que mais me ri na vida, devido ao inesperado da situação.

 

 

Visitante

 

 

Sinto-me:
Música: "Ass Like That" (Eminem)

Quarta-feira, 21 de Março de 2007

Uma História em Vale de Lobos (Concelho de Sintra)

Noite de inverno, na colectividade de Vale de Lobos.

 

Essa colectividade possui umas instalações razoáveis, ao ponto de ter casas de banho próprias para quem for ali actuar, situadas por baixo do palco.

 

A Banda completou uma série de músicas (num grupo de baile, uma série de músicas pode variar entre 30 minutos e uma hora, dependendo dos locais), e fez um pequeno intervalo.

 

Pois bem, o guitarrista da Banda quis aproveitar esse intervalo para mi... ooops... hmmm... aaaaa... para fazer uma "escala técnica", e dirigiu-se ao WC por baixo do palco.

 

Eis senão quando, ouvimos a voz dele lá em baixo:

 

- "$(&#&(#( -se !!! &%%%@ lho !!!!  Esta m**********da está toda inundada!!! $(&#&(#( -se !!! &%%%@ lho !!!!  "

 

... e vimo-lo regressar ao palco com uma cara furiosa, mostrando-nos as pernas das calças e os sapatos de camurça todos encharcados.

 

Não pudemos evitar as gargalhadas perante o ar "de desgraçadinho" que ele exibia. E ele acabou por se rir, também.

 

Tentámos aproveitar o intervalo para que os sapatos e os peúgos dele secassem, pelo que os pusemos junto a um projector vermelho, no chão.

 

Chegada a hora de voltar a tocar, aquilo ainda estava "impróprio para consumo".

 

O guitarrista, com a maior das descontracções, disse:

 

"- Não faz mal, eu toco descalço".

 

Tal seria possível, pois o palco, além de ser bastante elevado (mais ou menos à altura do peito de uma pessoa) em relação ao piso da sala, tinha uma ribalta com alguma dimensão, que ocultaria os pés descalços. Assim, ninguém veria os modos em que ele estava a tocar.

 

E retomámos a actuação.

 

A certa altura, dois "engraçadinhos" encostaram-se ao palco e começaram a gozar-nos com gestos "à maestro". Para azar deles, estavam junto ao guitarrista.

 

Este, por sua vez, não foi de modas... e assentou um pezinho em cima da ribalta, mesmo à frente do nariz dos "gozões"... a cara deles valeu ouro!!!!

 

Mas não ficámos por aí...

 

Duas "flausinas" (daquelas que não se convencem que, aos 60 anos, deveriam ter alguma contenção no uso de certas roupas...) andavam a dançar juntas paralelamente á boca do palco. Ambas "faziam olhinhos" ao guitarrista.

 

Este notou, olhou para mim com um ar sádico e sorriu maquiavelicamente... e lá voltou o pé para cima da ribalta...

 

As "flausinas", discretamente, deixaram de dançar paralelamente ao palco... e fizeram uma estratégica "retirada perpendicular" que as levou para o fundo da sala... enquanto o pessoal da banda se ria a bandeiras despregadas... nem mesmo o vocalista conseguiu conter-se e cantou o resto da canção com a letra misturada com gargalhadas.

 

 

Visitante

 

Música: "Under MyFeet" (Moody Blues)

Publicado por Visitante às 12:58
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Terça-feira, 20 de Março de 2007

Uma História em Calvos (Póvoa da Galega, concelho de Mafra)

Numa bela noite de inverno, os músicos da Banda chegaram ao local da actuação, em Calvos, junto à Póvoa da Galega, Concelho de Mafra.

 

Verificaram que iriam tocar num daqueles armazéns enormes, com telhado de zinco, onde foi improvisado um palco com estrados de madeira. Belas condições para a "prática da modalidade", portanto, quer em arrumação do material, quer em acústica...

 

Resta acrescentar que esse armazém tinha vários fardos empilhados num dos lados - como, aliás, é lógico acontecer num sítio desses...

 

Por trás do palco improvisado, meia dúzia de populares jogavam chinquilho.

 

(Para quem não sabe, o jogo do chinquilho consiste em lançar uma rodela de ferro maciço de uma base de madeira a outra, a uma distância de cerca de 10 metros, tentando derrubar um pequeno pilão de madeira).

 

Durante a nossa actuação, todas as músicas tinham um acompanhamento "percussionista" variado: era a malha de ferro a bater estrondosamente na base de madeira, acompanhada dos gritos e imprecações dos jogadores, o que destoava sobremaneira nos "slows", em que a música era tocada "doucement"...

 

Mas não ficamos por aqui...

 

E não é que a meio do bailarico, começamos a ver ... pasme-se... GALINHAS a passear em pleno palco?...

 

Lá andavam elas a bicar diligentemente a cablagem espalhada em cima do palco...

 

Escusado será dizer que, a partir desse momento, quem estava cá em baixo a dançar ao som do conjunto (e do jogo de chinquilho) via amiúde um ou outro tufo de penas cacarejante a levantar vôo do palco e aterrar na sala, fugindo de seguida a sete pés.

 

Felizmente, os músicos foram discretos e nunca se viu quem com os pezinhos ... aaaa... "convidava"... as galinhas a sair do palco...

 

 

Visitante

 

 

Música: "Psycho Chicken"

Nota prévia, antes das histórias

Vou manter aqui em segredo os nomes de pessoas e conjuntos onde trabalhei durante 25 anos (com alguns interregnos).

 

Revelarei os locais, mas não as datas.

 

Afinal, o que interessa mesmo são as peripécias...

 

 

Visitante

Sinto-me:
Música: "The Story of My Life" (Neil Diamond)

Publicado por Visitante às 18:11
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Segunda-feira, 19 de Março de 2007

Abertura

TERMO DE ABERTURA

Há-de servir este espaço para o relato de histórias insólitas acontecidas com um músico de baile, durante uma carreira distinta...

Visitante

Sinto-me:
Música: "Música" (José Cid)

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